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Desertos


Seção III: Desertos

Menino


Depressão nesta estrada Tatuada por minhas pegadas, O peso do fardo A tem aprofundado, Buraco e poço, Eu no fim do "posso" Depressão, ferida da alma Que cala a gargalhada Que desbota os dias Que enubla e traz noites frias Dor somatizada, que aterroriza Que faz do homem menino Buscando sob a cama Por um esconderijo Que o proteja do Bicho-papão Que devora a esperança, a fé, A perseverança e quem se é, Homem que vira menino Buscando um colo amigo, um abrigo. Vozes que ludibriam, Que tornam escuro E sem brilho o olhar De quem lhe dá ouvidos Olhos que não veem Mais luz no fim do túnel Onde está o brilho De teu olhar, menino? O forte torna-se fraco E a fraqueza vira calvário Gigante no combate, Se minhas mãos tão trêmulas Já não manuseiam bem a pedra Como derrubarei você por terra? Se a fé já não é meu escudo O que faço neste mundo Que quer me esmagar? Somos todos meninos Na hora da dor E neste desequilíbrio Eu piso em falso E quase desisto do Caminho. Mas, enquanto me afogo E meus mares de lágrimas Que já não são asfaltos Para os meus passos, Uma mão estendida Me toma em seus braços É o meu amado, meu escudo, Que derruba gigantes E mata de fome Os meus inimigos fictícios, Que silencia as vozes E as tempestades Com o seu brado Por isso busco esconderijo Sob tuas asas Eu sou como um menino, O teu menino, Carente do teu abraço. *Baseado nas declarações do Padre Fábio de Melo sobre a luta contra a Síndrome do Pânico.


Espero
Em meio ao deserto
Dobro meus joelhos
E o teu santo nome
Invoco a todo tempo
Olho para o céu
Em busca de milagre
E vejo a nuvem
Sinal da tua mão
Estendida sobre mim.
Espero a chuva
Que irá saciar minha sede
E fazer brotar minhas sementes
Tua presença sustenta-me
Enquanto espero...
a chuva que irá saciar minha sede
E fazer brotar minhas sementes
Tua presença sustenta-me.

Amores fingidos
Chega de amores fingidos.
Chega de promessas desfeitas.
Chega de meias verdades.
Chega de dizer que não tem tempo.
Chega de desculpas esfarrapadas.
Quando se quer estar por perto
Não há distância que separe mãos dadas.
Chega de a falar com silêncio.
E dizer que não há amor e interesse.
Se não quer dividir sua vida
Não minta iludindo a minha.
Chega de irmãos de fachadas.
Chega de discursos não vividos.
Não há mais confiança em mim
Porque a estrada mostra tantos desvios.
Chega de sofrer com expectativas.
Não se aproxime se não quiser ficar por aqui.
É mais honesto não iniciar
Do que no meio do caminho desistir.
Só o que resta são falsas promessas
E a certeza de que não tenho espaço
Em seu agitado itinerário.

Aliança
Porta retratos coroados
De sorrisos antigos
Porta fechada
Passos rumo a outro destino
No retrovisor vejo
O passado me dar adeus
E na minha mão não vejo
A aliança que ele me deu no altar
Carrego minhas bagagens
Minhas dores e lembranças
Onde me perdi?
Onde foi parar meu primeiro amor por ti
Declarado naquele altar?
Vejo os teus olhos marejados
Junto à porta que fechei
E dos seus lábios
Ouço um chamado
Dizendo que está a me esperar.
Busquei outras risadas
E minha alma está tão enlameada
Que nem parece que um dia
Usei vestidos brancos.
Enquanto eu sorria ele chorava,
Enquanto eu partia ele me esperava,
E quando eu voltei
Com as vestes rasgadas
E os pés sem as sandálias
Feridos na estrada
Ele me aguardava
E me abria os braços
Depois que o trai
É que entendi
Que o seu amor por mim
É incondicional.
E a aliança ele guardou
E em minha mão a recolocou.
Me deu novos vestidos,
Retirou meus ídolos,
Me devolveu a coroa
E me chamou de noiva,
Amada, redimida e resgatada.
E minha vida
Foi transformada
Pois, ele ressuscitou
O meu primeiro amor
E hoje eu sou
Mais do que apaixonada
Por ti, Jesus.

Louve
Louve com as suas palavras,
Louve com o que as atitudes falam,
Louve com o seu belo canto,
Louve com o que vive pensando,
Louve mesmo que a sua oração
Sejam as suas lágrimas.
Louve porque o dia vai chegar,
Louve porque o Noivo voltará
E toda lágrima ele enxugará.

Eu me calo
Tanto a falar,
Mas quem deseja ouvir?
Sabe onde me encontrar,
Mas não está aqui.
Carrego o meu fardo
Sem ter com quem dividir.
Então, eu me calo,
Então eu me calo.
Não vou obrigar
Os teus ouvidos a me ouvir.
E se me disser:
Fale com o teu Deus!
Eu logo direi:
É ele que me ouve quando você
Não está perto de mim.
Onde você está que não procura?
Não quero a multidão
Quero só você.
Mais uma rejeição
E já nem sei mais quem eu sou.
Se quer me ver sorrir
Ajude a curar a minha dor.
Ajude a curar a minha dor.
Quando eu me calo,
Quando eu me calo,
É porque espero que você
Incline os teus ouvidos
Sem ter que eu pedir.

Deserto
Deserto é lugar de problemas, de delírios
Lugar de medos,dilemas e riscos
De perigos escondidos, de extremos.
Da frieza à escaldante provação.
É lugar de oásis, mas também de miragens.
Isto é, de sonhos que serão realidade
Ou de ilusões que parecem verdades.
Deserto é lugar de dor, ardor e intensidade
De sede do indispensável
E fome da necessidade.
É lugar de aprendizado, de maus bocados.
De erros e acertos.
Aonde se pode vagar perdido.
É lugar de tristezas e de superação,
de palavras escassas e ardente solidão.
Onde não se veem os frutos do trabalho árduo
Deserto é lugar de peregrinação e não de habitação.
Tem a função de ser uma escola de adoração
Mas, sem o devido cuidado pode sofrer uma mutação
E se torna um cemitério para o cristão.
No deserto devemos andar focados.
Com ele não se brinca.
Porque senão o peregrino pode perder o caminho.

Asas
Se me pesam os ombros,
As palavras aliviam.
Se arrasto os meus pés
As letras libertam.
Se olho para o chão
E não vejo o horizonte
Surge então a melodia
Que canta minha dor.
Se não sou tão leve para voar,
Se o peso que estou a carregar
Me leva mais fundo
E faz-me um ser mais profundo.
As lições são o que restam
E os problemas professores.
As letras que libertam
Livram outros de suas dores.
As asas que me faltam
Encontro nas palavras.
E vejo além do pó
Vejo que não estou mais só.
Vejo que alguém me presenteou
Com o dom de cantar experiências,
Com o dom de traduzir os sentimentos,
Com o talento natural dos poetas,
Com o som comum entre os cantores.

Ficar ou partir
Esse é um tempo de provas
Tempo de dor, tempo de poda
Esse é um tempo de frio
De inúmeros desafios
Esse é um tempo de choro
Tempo que requer renovo
Esse é um tempo onde as feridas
Clamam por cura
É tempo de sonhos e de desventuras
Tempo onde as forças se enfraquecem
Tempo onde as fraquezas se fortalecem
É o tempo de decidir entre ficar ou partir
Se me arrasto e me despedaço
Se grito enquanto não cicatriza
Se pranteio e me desespero
Se me escondo em meio ao medo
A ti eu clamo, por ti anseio
Se me falta o ar
É a tua presença que pode me salvar
Se estou morrendo me receba
Pois escolho a ti
Tempo onde as forças se enfraquecem
Tempo onde as fraquezas se fortalecem
É o tempo de decidir entre ficar ou partir

Linhas tortas
Linhas dançam, rodopiam e
Saltam como crianças.
São cheias de altos e baixos.
Mas, não se cansam,
Seguem o traço
E não perdem o compasso.
Contornam vírgulas,
Vencem obstáculos e
Pontos finais.
Novos capítulos,
Surgem novos personagens
Enquanto outros já partiram.
Reticências mostram que não é o fim.
Linhas que exclamam
Ora exaltadas, ora cabisbaixas.
Falam entre aspas
Guiadas pela mão do Autor.
Se as linhas são tortas
Não é porque ele não sabe o que faz.
É que mesmo em meio aos desvios,
Ele quer dar sentido aos perdidos.
E quando quiseram apagar
Nossa memória,
Ele escreveu no chão,
Pois, tem em sua mão
A resposta para toda interrogação.
E as pedras não mentem
Pois, quem não peca?
Aquele que não peca
Foi o único a dar absolvição.
Nem a borracha dos delitos
Pode apagar o que está escrito.
O autor do livro da vida
É o princípio e o fim,
É o alfa e ômega,
É a própria palavra
Que disse haja antes do nosso existir.

Meus pés
Meus pés, aonde vão? Por que vacilam?
Buscam atalhos.
Estão cansados das pedras no caminho.
Estão diante de duas estradas.
O que tatuarão tuas pegadas?
É difícil mantê-los no chão
Quando a imaginação ganha asas
E viaja e se perde no mundo da lua.
Meus pés, desviarão?
Onde está a rocha em que se apoiavam?
Será que escorregarão no mesmo lamaçal
Que suja a multidão?
Meus pés, desistirão de cruzar a linha de chegada?
Tanto se cansaram, tanto se feriram
Tanto suportaram.
Não pare, não retarde, siga em frente.
Não copie os passos do Curupira.
Meus pés, descansem um pouco.
Deixe a brisa refrescá-los.
E não andem mais descalços.
Meus pés, para onde vão?
Qual é tua decisão?

Outrora
Minhas poesias outrora abundantes
Mas, hoje escassas
Dentro da minha deserta alma
Minha beleza escondeu-se atrás da tristeza
A solidão é minha constante companhia
Mesmo em meio à multidão
Sei o que é me sentir sozinha.
Minhas angústia e amarguras têm grande força.
Minhas atitudes são um reflexo
Do que carrego dentro de mim.
Meu choro parece não tocar
Aquele que pode enxugar minhas lágrimas.
Meu sonho está tão distante de mim
Que eu nem mesmo consigo perceber
Se ele está perto ou longe de acontecer.
Ó Pai, escute meu choro.
Já não sei mais o que posso fazer.
Esgotei os meus recursos
Pelo menos me carregue em teus braços, Deus,
Enquanto tenho que chorar.

Brado
Quando a alma grita,
E sua voz não é ouvida.
Quando tudo escurece
E o sol parece que não brilha.
Chamo o teu nome.
Será que me escuta?
Imploro tua ajuda
Será que não escuta?
Só me resta a rendição
Nada posso fazer contra o "não".
Eu me jogo ao chão
Onde estão os meus sonhos.
Será que nessa terra eu vou sepultá-los?
Ou será que é nela que serão semeados?
Quando ouvirá o meu brado, Deus?

Meu ar
Ponteiros se movem lentamente
Nessa hora o coração explode
As emoções jorram sem barragens.
O exagero abala relações
E o desespero mata sonhos.
Dá vontade de jogar tudo para o alto
Já que me sinto no chão.
De dar as costas ao desprezo
Mas, por mais que grite a ira
Admito que só o Senhor
Tem palavras vivas
E por mais que a desesperança
Queira sufocar meu amor por ti
Admito que longe eu não consigo viver.
Pois, tua presença é meu ar.
Sou tentada a partir
Não quero esse fardo de lágrimas.
Essa represa desenfreada.
Admito que distante do Senhor
Não vale a pena existir.
Ajuda-me. Não quero partir.
Mas, não posso ficar assim
Sem ter meu sonho. É seu O sim.
Ajuda-me! Não me deixe partir.

Solidão
Seguem o meu rastro as poesias desbotadas
Rasuradas pela minha imperfeição.
Busco teu rosto há tanto tempo
E não o reconheço na multidão.
Minha companhia são linhas borradas
Desenho alegria para não ver solidão,
Escrevo a alforria
De sentimentos encarcerados.
Busco teus ouvidos
Minh'alma quer falar contigo.
Mas, não o reconheço na multidão.
Minha companhia é um guardião
Chamado "não".
Se a dor tivesse asas
Elas estariam cortadas.
Está aninhada em meu coração.
A solidão é companhia
Que desconhece porta fechada.
Não sabe que é indesejada
E visita-me em busca de morada.

Pare e repare
Pare e repare
Nas águas acumuladas
Refletindo dores de parto
São lágrimas de pequeninos
Que do ventre suplicam:
Pare de olhar só para si
Existe mais do que
Seu umbigo aqui.
Olhe para o alto,
Olhe para o próximo,
Olhe para o lado,
Olhe para mim.
Então pare e repare seus erros
Para que as súplicas
Não sejam nutridas
Pelo seu desleixo.
Então pare e repare.

Nos braços do Pai
No chão fissuras marcam
Onde pisaram os meus pés.
Em meu deserto carente de chuva
Sobrevivi porque o Pai estava por perto.
A serpente tentou envenenar-me
Mas, meu Pai tem me amparado,
Ele é a minha cura.
As feras rugiram
E perseguiram os meus pés.
Mas, eu corri como uma corça
Em busca de águas
Para apagar meu rastro.
Desesperada!
Minhas pegadas estão na areia
E as marcas em minha alma.
Minhas lágrimas regaram o chão.
Tanto pranto diante do Pai.
E ele me estendeu sua mão
Afagou minha face
Com seu amor incondicional.
Os espinhos estão diante dos olhos
E a fome ainda não satisfeita,
Meus sonhos ainda busco.
Persisto, insisto
O Pai me torna indesistível.
E se vejo miragem, já não sei mais.
Será o meu oásis? Será realidade?
Minha visão turva não sabe distinguir.
Será que o canto recebeu asas
Para sair da prisão?
Não sei o que o futuro tem para mim.
Minha fraqueza mostrou
Que não sou eu que guio meus passos.
Estou nos braços do meu Pai
E se desmaio, ele não me desampara.
Estou nos braços do meu Pai,
Ainda que eu seja tão falha,
Ele não me desampara.
Minha alma suspira.
Meus olhos incham
Pelo golpe da tristeza,
Mas, ainda assim eu digo:
Obrigado, Pai.

Marcas
Olho para trás vejo pegadas,
E em minhas mãos há tantas marcas,
Em meu coração leio cicatrizes.
Escrita por miragens
Disfarçadas de verdades
E onde tu estás?
Onde está o oásis de águas vivas?
Sedenta estou.
Cansada vou indo quase desistindo.
Minha visão turva não me deixa ver
Que os passos desenhados
Não são os meus.
Quando pensei estar sozinha
Eu estava nos teus braços, Deus.

Tempo
Ah...Tempo tão atento ao relógio!
Ah...Desalento grande sinto eu
Contando os segundos aos gritos.
Venha contagem regressiva,
Passo a passo de mim se aproxima,
Há quanto tempo anelo por ti.
Um tempo para todas as coisas
Que não cede aos meus apelos.
"Depressa! Estou horas a espera!"
Tempo que faz nascer os meus sonhos,
E que faz morrer meus pesadelos,
Tempo para plantar meus desejos,
E para colher suas realidades,
Tempo para destruir os defeitos,
Tempo para construir verdades,
Tempo para eu chorar e chorar.
"Ah...tempo dói muito esperar!"
Venha logo tempo de sorrir,
Tua doce gargalhada anseio ouvir.
Tempo que enluta a alma nos dias mortos!
E que também traz saltos festivos.
Assim um alívio respiro eu!
Tempo para se espalhar as pedras,
Quantas pedras lançadas em mim!
Tempo de fazer delas escada,
E passo a passo achar tempo a tempo.
Tempo de perder-me em um encontro,
Um abraço teu que me acasule
E que me proteja das feridas
Tempo de despedir-me das dores:
"Já vão tarde! Não voltem!"
Tempo de procurar por ti tempo,
E onde desisto de desistir.
Tempo de guardar minhas memórias,
E tempo de mandá-las embora.
Tempo de rasgar por completo a alma,
Tempo de tornar a costurá-la.
Tempo de emudecê-la, alma. Calma!
Tempo para o silêncio bradar
O que eu nem sei como descrever
Tempo de odiá-lo. Viu, senhor Tempo?
Tempo de luta e sobrevivência
Ah...Quantos minutos me faltam
Para vir o meu tempo de amar,
Respirar, suspirar e viver?
Ah...Tempo tão atento ao relógio!
Ah...Desalento grande sinto eu
Contando os segundos aos gritos.

Entre o sim e o não
Eis suas pegadas na areia
Eis a sua voz a chamar-nos.
"Vinde após mim e lhes farei
Pescadores de homens."
Eis os seres humanos,
Entre o inferno e o meu céu,
Entre o adversário e o seu amigo,
Entre o diabo e Jesus Cristo.
E qual decisão tomar?
E qual caminho escolher?
Entre o sim e o não, o que dirás?
Eis suas pegadas no chão,
Eis sua voz a ecoar no alto:
"Perdoa-lhes. Não sabem o que fazem."

Sumário
Minhas linhas e embaraços
Em rascunhos rabiscados
O sumário do que sinto,
Enquanto a alma esquadrinho.
Meu cabelo emaranhado
Cobre o semblante da dor.
São os fios do meu descaso,
Os meus traços de dissabor.
Embaraço-me nos laços
Muitas vezes enfeitados
Que prendem o meu presente
Ao aquém e não ao ir além.
Se essa letra traduzisse
Sentimentos em conflito,
Loucamente bailaria
No contexto em descompasso.
Achas confusa tal escrita?
Se a resposta é afirmativa,
Sabes bem que ela suplica
Por um desfecho aguardado.

A diferença
Será que há algo errado comigo?
Por que sou o diferente entre iguais?
Será que sou uma peça sem encaixe?
Será que não há um lugar para mim?
Tento seguir os passos alheios
E vejo que sou tão desengonçado.
Tento imitá-los
Mas, as mímicas não nos igualam.
Não consigo ser compreendido,
Minha língua é estranha para os demais.
Mas, eis que surge um brilho sobre mim.
Então abro minhas asas,
Minhas penas branqueadas,
E percebo que os defeitos em mim notados,
São minhas qualidades.
Estou no mundo
Mas, do mundo não sou.
Como cisne entre patos eu estou.
Hoje vejo que meu encaixe perfeito,
Está entre os dedos do meu Criador.

Esperança
Comecei com alegria, mas caí no desespero.
Estou cercada pela apostasia. Mas, resisto.
Não quero abandonar o princípio.
Mesmo quando choro e imploro pedindo:
"Leva-me daqui."
Deus não me atende e insiste:
"Não desisti de você. Ainda há muito a percorrer."
Mesmo quando a escuridão impede minha visão.
E não vejo o horizonte e não vejo luz alguma.
Posso ouvir uma palavra que afirma que ainda há esperança.
Mesmo quando eu não creio
Deus não desiste de acreditar.
Se eu passo pelo vale e me sujo no lamaçal.
Se eu perco o controle e me torno refém do mal.
Deus ainda fala. Não cessou a Palavra.
Que diz que há esperança.
São tantas memórias, tantos nãos,
são tantas as lágrimas,
tanta rejeição que sopram nesses anos.
Se eu andei por sobre as águas hoje elas me sufocam.
Mas, estendo minha mão a espera do socorro do Pai.
Ele é minha salvação, mesmo quando me condeno.
Ele é o meu perdão quando estou no banco dos réus.
Se minha mente me condena ele me justifica.
E dá um recomeço.

Rede social
Ouço o pio de um pássaro
Enjaulado e cercado
Pela rede social
Que une distâncias
E afasta proximidades.
Amigos invisíveis,
Com perfis maquiados
Por filtros manipulados.
O som em redor emudece
Por seu canto enclausurado.
Não se olha para o lado,
Vive-se de cabeça baixa
Conectados e desligados.
Há um grande vazio
Nessa geração
Carente ela busca
Curtidas e aceitação
Que revelem que
Ela foi vista.
Quer mais do que visualizações
Está desejosa por respostas.
As relações estão adoecidas.
Uma geração cativa
Nessa rede antissocial.
Jesus, olhe a carência de teu amor.
Abra os ouvidos para que
Ouçam o som fora da prisão.
Retire os filtros e toque o coração.
Que se curta tua presença
E compartilhe teu amor.
Venha como pomba
Faça se ouvir teu chamado
E repouse sobre nós
Sejamos uma rede
Lançada à humanidade
Pescadores de vidas aprisionadas.

Deixe pela estrada
A beleza passa.
A fama é escassa.
Deixe pela estrada suas marcas.
A flores murcham.
Mas, o perfume exala.
Deixe pela estrada suas marcas.
O tempo varrerá as suas pegadas.
Mas, mesmo que por um instante
Deixe na estradas as suas marcas.

Socorra-me
Ajuda-me a desfazer
os embaraços que
aprisionam os meus passos.
Liberta-me do cativeiro
de meus maus hábitos,
do meu ego viciado
em minhas próprias vontades.
Socorra-me,
já não mando mais em mim.
O bem que quero não faço,
mas, o mal indesejável
persegue meu rastro.
Grato sou, por ti ó Cristo,
que me dá a liberdade verdadeira,
que me chamou para ser livre,
E acaba com minha condenação.
Em tuas mãos
está a chave da minha prisão.
Socorra-me.

Face a face
No deserto eu te encontrei
o que tinha em mãos te entreguei
Tudo o que sou,
Tudo o que tenho,
Toda a minha dor,
Todos os meus defeitos
Coloquei aos teus pés, Senhor.
Ouvi o teu chamado,
Recebi a tua missão
de conduzir o teu povo amado
Ao centro do teu querer.
Então, venci meus temores
e vi teus sinais me seguindo.
Tornei-me teu porta-voz,
mas, isso de nada vale
Sem a tua presença.
Quero falar contigo face a face
e ver tua glória.
Estou na fenda da rocha
Protegido por ti.
Eu tiro minhas sandálias e toco o pó
Lembro-me de minha origem
e sei que sem ti nada sou.
Onde tu tocas a santidade resplandece
Teu brilho em mim diz que existe o Amor.

Ele está à porta
Ouça o toque
Será que pode distinguir
Que mão bate à tua porta
Pedido morada?
Ouça o chamado
Será que consegue reconhecer
A voz do teu amado
o teu nome a falar?
Eis que ele está à porta
Teu amigo está de volta
Não desistiu de você.
E qual será tua resposta?
Será:
Dê meia volta eu não preciso recebê -lo.
Ou será:
Entre meu amigo você é bem-vindo
Quero dividir tudo com você.
O que é meu é teu.
E o que é teu é meu.
Não quero mais viver sozinho
Seja mais que uma visitação
Minha eterna companhia
Faça em mim tua moradia.
Jesus...

Diante do trono
Quando eu clamo
Ou quando eu canto
Será que vês o meu pranto?
Quando eu choro
E quando imploro
Para onde olham teus olhos?
Será que me vês
Diante do trono?
Ouça-me Senhor
Resposta de Deus:
Ouço um som
Aos meus ouvidos
Me inclino para ouvi-lo
São gemidos inexprimíveis
Vindo do meu Espírito
Quando eu olho
Além dos teus olhos
Minha noiva
Vejo que após a dor
Há o sorriso
Quando eu olho
Diante do trono
Vejo teu pranto
Estou contigo
Curarei teu coração ferido
Restaurarei o que foi destruído
Restituirei o que foi perdido
Te levarei às alturas comigo
E que morreu eu vivifico
Ouço os teus suspiros
Sou teu amigo.

Fortalezas
Se me faltam forças para a ti cantar
Se me faltam palavras para te adorar
Se minhas mãos cansadas
Não conseguem mais se levantar
Se minhas pernas exaustas
Já não podem mais andar
Lembro que quando fraca estou
Forte em mim é tua presença
Senhor
Digo então que é minha fortaleza
O poder que se aperfeiçoa
Em minha fraqueza.

Indagações
Me questiono por que sou assim?
Mesmo jovem só vejo a velhice em mim.
Me questiono por que sou assim?
Ora bela ora fera?
Me questiono o que fazer por mim?
Se não vejo além do meu limite.
Me questiono por que o Senhor me expõe assim?
Se mesmo visível quero ser invisível.
Me questiono por que me expõe assim?
Vejo tantos riscos e inimigos rugindo perto de mim?
Me questiono o que será de mim?
Se prossigo penso se não vou desistir logo ali?
Me questiono por que temo assim?
Se o Senhor é o escudo que me protege.
Me questiono por que é tão difícil assim?
Se tuas promessas garantem vida sem fim.
Me questiono por que me isolo assim?
Se o que desejo é ter alguém próximo a mim.
Me questiono por que sou diferente assim?
Aonde piso sou conhecida e exposta pelo Senhor.
Me questiono.
Será que terei resposta para minhas indagações?
Momentâneas reflexões.

A guerra continua
A cerca de um ano atrás
O Senhor dos Exércitos
Me conduziu a um novo quartel general
Cheguei nele de cabeça baixa
Derrotada em minhas batalhas
Mas, hoje ele tem me exaltado
Embora eu não seja digna
Nem sequer de levantar meus olhos ao céu
Provei o amargo da queda
E o doce sabor da cura
Deus calou meu inimigo
E me livrou do meu maior temor
Verdade é que flertei com o pecado
Traí ele com meus ídolos
Mas, vi a graça do meu Senhor me abraçar
Ganhei um espelho real
Que me diz quem eu realmente sou
Um espelho perfeito
Um Deus sem defeito.
Ouvi o som da voz que é como muitas águas
Como brisa suave a me dizer:
"Não se esqueça que eu te amo
E que você é a menina-dos-meus-olhos."
A guerra continua
O pecado constantemente me assedia
Ele vem como um anjo de luz
Mas, é uma fera que busca me tragar
Os seus laços e embaraços
Perseguem os meus passos
Visando me aprisionar
Mas, tenho comigo uma promessa
Do meu general que diz:
"Ainda que os seus pecados
Sejam como a escarlate
Eles se tornarão brancos como a neve."
E sei que a boa obra
Por ele em mim iniciada
Há de ser um dia completa.

Tenho medo
Tenho medo
De que meus sonhos
Escorram entre os dedos
Tenho medo
Que os defeitos
Anulem meus anseios
Tenho medo
Do que é imperfeito
Tenho medo
Pois, ainda não confio
Totalmente no Perfeito
Meu receio
Expulsa a minha fé
Mas, teu amor
Pode me pôr em pé
Lance fora
O som dos meus temores
E evite os meus
Temidos dissabores
Traga o conserto
Pra que meus pesadelos
Não me assombrem mais
Nem façam meus desejos
Serem desfeitos.

Ponteiros
Olhares contantes sobre o tempo
Meu relógio revela
Que estou aquém do que convém
Mesmo ansiando ir além.
Relógio atrasado pelo pecado
Ou adiantado pela ansiedade
Senhor do tempo venho a ti
Acertar os meus ponteiros.
Venha consertar-me
Para não haver mais lamentos.
Meu tempo imperfeito
Meus defeitos se rendem ao Perfeito.

Vagar
Vago divagando
Mesmo devagar
Cansada de vagar
Vagueando sou levada
Vagarosamente pela estrada
Aonde alcançarão minha pegadas?
No final do arco-íris
Há um tesouro
Mais precioso que ouro
Nele há um lugar vago
Para eu repousar
A tradução do arco-íris
É a graça que faz graça
Em meu interior
E o tesouro é de graça
Tua graça que me abraça.

No exílio espero
Decretos decrépitos
Por tempo incerto
No exílio espero.
Em meu íntimo exíguo
Fico introspectivo
Imerso em teus sigilos
Do escrito infinito.
Excelsos desígnios
Feitos para seres tão ínfimos.
Diante dos quais eu me inclino
Pelos quais me refino
Absorto e rendido
Diante de ti Deus me declino
Não quero mais ser esquivo
Sem ti eu não sobrevivo
No exílio espero
Por tempo incerto
Seus decretos eternos.

Onde estão os seus olhos?
Na esteira do mundo ignoro as companhias
São árvores, muros e pessoas vizinhas
Sigo a sincronia dos passos
Até dar atenção ao asfalto.
De repente escuto:
Onde estão os seus olhos?
De onde vem o sussurro?
Da consciência vem o murmúrio.
Procuro em volta e vejo
A paisagem desprezada
Árvores semi-iluminadas
Na esteira em que ando
Com tímidas lamparinas
Vejo os muros passando.
Meu destino chegando
Os passos que pareciam
Não me tirar do lugar
Agora me conduziram ao lar.
E eu me pergunto:
Onde estão os meus olhos?
Fitos no chão sem ver avanços?
Fixos nos marcos ultrapassados?
Ou no alvo a ser alcançado?
Onde estão os meus olhos?
Verdade é que olhar para baixo
Me cansa e pesa a alma,
Mas ao ver diminuir a distância
Alivia-se a carga.
Sei onde não devem estar os meus olhos.
O horizonte é sem dúvida
Mais belo que o asfalto.

Está comigo
Se eu não for ouvido
E ignorarem meu grito
Se meus passos
Forem interrompidos
Se a morte como sombra
Estiver me seguindo
Sei que está comigo.
Se eu fechar meus olhos verei o infinito
Se não tiver morada
Tu és meu abrigo
Se estiver assustada estarei amparada
Sob suas asas, pois está comigo.
Se eu tiver fome sua vontade me sacia
Se estiver sedenta tu és rio de águas-vivas.
Sempre está comigo
Eu sei que está comigo.

Enfado
Laços, embaraços
Rodeiam os meus passos
No que caminho que eu traço
Percalços são como obstáculos
Fardos pesados
Sobre os meus ombros machucados.
Tens contemplado o meu enfado?
Os meus suspiros sobrecarregados?
Ou tens ignorado o fato
De eu estar sendo humilhado?
Estou farto!
Busco auxílio do Alto.
Ouça o meu brado.
Acaso ele não tem lhe tocado?
Enquanto estou prostrado
Por ventura não tens me enxergado?

Da desventura um escrito
Eis o ensejo que norteia os traços errantes dessa pena
Que se move obtusa ou não
Tornando patente os devaneios
De um coração que combate a razão.
Sem garbo e jactância
Palavras são como um vulcão em erupção
E fazem ferinos os lábios
Que não represam a indignação.
São emoções em conflito
Que do murmúrio faz um grito
Do delírio um gemido
Da desventura um escrito.
Solidão com que convivo
Contra qual me indigno
A mesma que eu incito
Será esse mais um desvario?
Acaso há para mim redenção
Aos olhos que me ignoram?
Alguma indulgência que me salve
De tão amarga solidão?

Triste Gemido
Tanto tempo andei em companhia de uma tristonha rotina
Ferido não conseguia correr, lentamente era forçada a me mover
Tanto tempo chorei a queda que eu mesmo provoquei
A amargura era a tirana da minh'alma
Mas um dia os meus ouvidos ouviram além do meu gemido
As tuas palavras foi o remédio que curou meu coração ferido
Jesus eu conheço a dor a tua ausência
E sei que sem a tua presença de nada vale a existência
Como ar que eu respiro de ti necessito
Não retire de mim o teu  Santo Espírito
Ele é o fôlego que me mantém vivo
Sem ti me acho perdido.

Tentação
Tentação. Que tenta ação! Atenta ação!
Tentação diante de uma encruzilhada
Os meus passos devem ser conduzidos
Para o oposto de onde são tentados
Mundos opostos diante dos meus olhos
Um claro e o outro...poderia ser aurora?
Aurora de um futuro iluminado
Onde iríamos rumo a um horizonte.
Sonhei com a aurora rompendo a noite?
Com um céu e suas estrelas brilhantes?
Com uma lua com seu brilho radiante?
Não! Sonhei com um dia ensolarado.
Eu devo ver o dia raiar do seu lado?
Ou ser vista sob luz do sol por outro
Enquanto você não rompe sua aurora?
Tenho mesmo sonhos iluminados.
Eu quero ou não vivê-los ao seu lado?
Eu vejo-me em meio a uma densa confusão!
Mas tenho meus sonhos iluminados.
Concorda ou não com isso, coração?

Pegadas
Estou em meio a um deserto
Seguindo as tuas pegadas
Para ter o que sonhas
Estou cansado e ferido
Doloroso é caminhar
Meu coração anseia parar
Quando a fraqueza
Vem suplicar a minha alma
Mas, ao olhar para trás
Eu não quero retroceder
Mesmo com poucas forças
Teus sonhos eu almejo viver
A cada passo eu me aproximo
Do meu limite
E meus pés exaustos
São tentados a desistir
Mas, na fraqueza brota uma força
Que vem do Pai para mim
Essa força me leva a prosseguir
Rumo aos teus sonhos
Que estou a desejar
Por isso sigo tuas pegadas.

Por que me desamparastes?
Tenho tantas marcas dentro da minh'alma
Onde o Senhor estava quando eu estava sendo atacada?
Tu não me ouviste quando aflita eu lhe chamava:
"Deus meu, Deus meu porque me desamparaste?"
Resposta de Deus:
Eu chorava contigo
Os céus ouviam os meus gemidos
Eu lembrava do meu Filho
Que brutalmente foi ferido
E como a ele eu lhe dei
Forças para prosseguir
Mesmo que tentem matar os meus sonhos para ti
Os meus projetos ninguém poderá impedir
Assim como Cristo tu fostes odiada
Mas como ele irás sorrir.

Águia
Quando as suas forças
Diminuírem ou acabarem
Com você estarei
E com minha graça te fortalecerei
Quando o mal vier te paralisar
Creia e não tema
Pois, com você estarei
E nunca irei te abandonar.
Enquanto você espera
Estou trabalhando a seu favor,
Confie espere em mim
O tempo que preciso for,
E você subirá com asas
E voará nas alturas
Como a águia,
Como a águia voará
Quando a sua alma
Estiver cansada e oprimida
Venha até minha presença
E descanso ela receberá.
Eu sou capaz de compreender
As suas fraquezas
E te ajudarei a vencer
Cada uma delas.

Nada me faltará
Quando as portas estão fechadas
E por mais que eu bata elas teimam em não se abrir
Quando desejo avançar
E um vento contrário tenta impedir
Tenho que crer mesmo sem ver
Senhor é o meu Pastor
Ele trabalha ao meu favor
Enquanto estou a esperar
Jeová Jireh não me desamparará
Ele proverá
Fé é crer antes de enxergar
Esperar a vitória que chegará
As janelas dos céus que se abrirão
E minhas necessidades suprirão.

Entregou-se
A cada passo seu
Era um passo que eu
Dava rumo ao abraço do Pai.
Cada lágrima sua
Eram gotas de amor
Lavando o pecador.
Com os braços abertos
O Senhor entregou-se.
Para que eu esteja perto
O Senhor perdoou-me.
E seu corpo estão as marcas
Da minha salvação.
Nem morte, nem pecado
Nem dores, nem humanos
Nem mundo, nem inferno
Nem a cruz mataram
O seu amor por mim, Jesus.

Autora: Eliane Mariz   |   Gênero: Poesia   |   Editado: 09/06/13   |   Atualizado: 17/08/17


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