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Brasil país de contrastes onde o branco, o preto, o amarelo e o vermelho se misturam numa aquarela de raças, etnias, costumes e ideologias. Brasil que virou República, que deixou a coroa, que virou ditadura, que virou democracia e hoje luta para ter sua voz ouvida. Voz essa que é abafada por quem deveria ouvi-la. 
Brasil do Xaxado, da bombacha, da sanfona, do pandeiro, do cocar, do Sertanejo, do Funk, do Pagode, do "Feminejo". Brasil do "oxente", do "uai", do "tchê", do "porrrrta", do "éééégua", do s com som de x.
Brasil que desde o início já era manchado pela corrupção e pela usurpação do direito do povo. Brasil que supostamente foi descoberto por Portugueses, mas que na verdade foi anfitrião das caravelas. Afinal, os índios já haviam tatuado suas pegadas nesta pátria, no entanto, quem assinou a Escritura não lhes deu o direito de imprimirem suas digitais já que não conheciam as letras. Inaugurou-se a corrupção que até hoje habita nesta terra hoje tatuada com pegadas e com sangue de indígenas, negros, homens, mulheres e tantos outros desafortunados que nela habitaram.  
Brasil que cresceu através das mãos e do suor preto, mulato, escravo. Onde a alforria ainda nos é negada, pois somos escravos dominados por uma elite que nos ataca até nas madrugadas e que aprova leis que os respaldam, mas que desprotegem a maioria. Minoria engravatada que escraviza a maioria de mãos calejadas.
Brasil das “Diretas Já”, do “Vem pra rua”, dos “vintes centavos”, da “Lava jato” que luta para limpar a sujeira de décadas, sujeira vermelha, azul, estrela, tucano, enfim, sujeira.  Brasil da propina, da delação, da máfia camuflada, de uma ditadura velada, de uma urna que não fala.
Brasil que abriga os santos, que carrega a cruz, o choro e o pranto, que pede aos céus o socorro negado pela elite de terno e gravata que insiste e não escutá-lo. Brasil cheio de riquezas, mas que amarga a pobreza, pois os seus tesouros estão escondidos em malas e até mesmo dentro de cuecas.
Brasil do carnaval onde as máscaras ocultam a face de muita gente mesmo depois que a festa já está findada. "Brasil, mostra a tua cara quero ver quem paga pra gente ficar assim."
Brasil onde a nudez é "Globeleza" desde que não seja para alimentar um filho gerado ventre. Brasil do José e da Maria da Penha agredida, enclausurada, perseguida e assassinada. Brasil do tráfico onde a corrupção é legalizada, onde as leis têm brechas por onde a injustiça passa e invade nossas casas, violenta as almas de crianças, idosos, mulheres, LGBTs, negros, pobres, analfabetos cujas digitais ainda não são aceitas quando estes buscam a Escritura de sua própria morada. 
Tantas poderiam ser suas definições, seus adjetivos, Brasil, mescla de nações contidas em suas fronteiras, que abre as portas para o estrangeiro, para o forasteiro, porém trancafia seus nativos, prisioneiros usurpados pelos engravatados que elegeram ou que foram eleitos por uma urna cuja voz é abafada.
Se “dos filhos deste solo és mãe gentil Pátria amada Brasil” por que nos sentimos órfãos, carentes do leite da justiça que sacia nossa sede mata nossa fome? A reforma que precisa ser feita não é a da Previdência, mas sim, a reforma que acaba com a decadência moral que nós carinhosamente chamamos de “jeitinho brasileiro”.  Somente após esta reforma  de nossas ruínas sentiremos que esta pátria “és mãe gentil”.



Autora: Eliane Mariz   |   Gênero: Crônica   |   Editado: 14/08/17   |   Atualizado:

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