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Disfarce
Certa vez, um homem muito rico tomou uma decisão: resolveu sair em busca do amor verdadeiro. Mas, como ele sabia que sua posição privilegiada poderia influenciar as atitudes das pessoas, vestiu-se de mendigo. Segundo ele, o verdadeiro amor era capaz de ver além dos preconceitos e estereótipos.
Saiu, então, discretamente de sua mansão e dirigiu-se a uma praça da cidade, onde havia grande concentração de pessoas. Sentou-se em um banco da praça e estendeu a mão em busca de uma esmola. Porém, o que as pessoas não sabiam é que estavam sendo constantemente analisadas pelo sábio senhor.
Para a tristeza do pobre, ele observou que muitos iam e vinham apressadamente, cada qual focado em seus problemas e objetivos, com uma indiferença frequente. Nem sequer notavam a presença daquele amável senhor com a mão estendida e a voz doce.
Outras reagiam com agressividade, usavam suas palavras como armas, zombavam, criticavam e desdenhavam do tão inofensivo ser humano.
Havia ainda aqueles que se afastavam dele com medo, julgando que poderia ser um delinquente ou usuário de algum entorpecente.
Alguns se compadeciam, porém tiravam de suas bolsas e carteiras apenas algumas moedas de valor insignificante.
Cansado de ver tanta falta de amor na humanidade, aquele rico resolveu assentar-se junto à soleira de uma velha loja já desativada.
Quando, de repente, avistou uma menininha de aproximadamente seis anos. Ela vinha caminhando lentamente atrás de sua mãe, que, apressada, seguia à frente conversando com uma amiga. A menininha degustava um pastel quando percebeu que um velhinho a estava observando. Ao vê-lo, percebeu que ele morava na rua devido às suas roupas maltrapilhas. Ela não pensou duas vezes: aproximou-se daquele idoso e ofereceu o que tinha em mãos.
Aquele gesto voluntário, sincero e generoso da menina foi a maior demonstração de amor que o rico cidadão recebeu naquele dia. A mãe da criança, ao olhar para trás em busca da filha, se assustou ao vê-la tão próxima de um estranho.
A passos largos, voltou, pegou a menina pelo braço e, arrastando-a bruscamente, a repreendeu por ter dado o seu alimento a um bêbado, pois era assim que ela via aquele homem.
A criança, sem nada entender, apenas se defendia dizendo:
— Mas ele estava com fome!
Deus é como um Ancião de Dias que, às vezes, se "disfarça" de necessitado, faminto, sedento, órfão, presidiário, mendigo e enfermo. Ele sai pelo mundo em busca do verdadeiro amor. E o que Ele tem encontrado em você?
♡ Será que Ele tem visto você tão ocupado consigo mesmo que mal dá atenção ao que Ele tem lhe pedido? Será que a indiferença tem sido sua resposta a Ele?
♡ Ou será que você tem medo de se aproximar d'Ele porque não O conhece direito e não sabe quão precioso Ele é? Por ventura, a fuga tem sido a sua escolha diante d'Ele?
♡ Ou você tem um pré-conceito a respeito de Deus e O critica, ridiculariza e desdenha?
♡ E você que até gosta de Deus e quer obedecê-Lo um pouquinho, mas tem oferecido bem menos a Ele do que realmente poderia dar? Bem menos amor, bem menos atenção, enfim, apenas algumas moedinhas?
♡ Você é como aquela mãe que tem pressa em seguir o seu caminho, que ama só o que é seu, que não se importa com o necessitado? Que, ao invés de se alegrar e se deixar contagiar com a bondade dos outros, luta para impedir que estes sejam generosos, criticando os que doam de si por amor ao próximo, pois acha isso uma loucura e uma perda de tempo?
♡ Tomara que você seja como aquela criança corajosa que não se importou com o que os outros pensariam, que não julgou o necessitado, mas reconheceu a necessidade dele. Generosa e abnegada a ponto de renunciar algo seu para que outra pessoa fosse feliz. Criança que pregou o Evangelho sem ser necessário o uso de palavras, espontânea, voluntária e que agiu. Você tem agido?
Você acha uma utopia pensar que ajudar um carente é ajudar a Deus? O próprio Jesus disse que toda vez que ajudamos um necessitado, é a Ele que estamos ajudando. E também não é em vão que Ele disse que devemos ser como crianças para entrarmos em Seu reino. Fique atento e veja além do "disfarce".
Autora: Eliane Mariz | Gênero: Crônica | Editado: 27/11/13 | Atualizado e corrigido no C.G.: 11/05/25
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