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MorRéu!


MorRéu!
Eliane Mariz



PERSONAGENS:
Ricco Fortunato, milionário.
Jesus Cristo, advogado e Salvador.
Morte, capataz do Diabo.
Diabo, Chefe dos demônios.
Esposa de Ricco Fortunato.
Segurança de Ricco Fortunato.
Narrador.

ÉPOCA: Presente. LUGAR DA CENA: Escritório de um empresário. E escritório do Diabo. E num lugar feminino onde uma esposa possa falar ao celular.

ATO I
A maioria das cenas deve acontecer dentro de um escritório empresarial. Com um telefone, e vários celulares.
Uma das cenas deve acontecer também em um escritório, porém, será escritório do personagem Diabo. Pode ter uma decoração mais voltada para o preto.
A esposa ao falar ao celular pode estar numa cozinha, ou salão de beleza, ou até mesmo se arrumando em frente ao espelho. O Ricco deve estar vestido com roupa social.
Jesus pode estar vestido com tradicional túnica, ou uma roupa branca elegante com capa.
O Diabo pode estar com um capuz. A Morte deve estar com a roupa com capuz, cor preta, se com uma foice do tipo do Filme Pânico,  mas ela pode estar sem a máscara para facilitar a comunicação. Porém deve estar com uma maquiagem que lembre o rosto de uma caveira.

Cena I
Ricco.

Entra em cena um executivo falando ao celular:
Ricco: Pode deixar comigo Sr. Chei di Fortuna. O quê?  Ah sim os relatórios financeiros, vou enviá-los hoje mesmo por e-mail viu.
Comigo senhor fez um excelente negócio. Não há com que se preocupar.
Toca outro celular.
Só um minutinho Sr. Fortuna.
Ricco atende o outro celular.
Ricco: Alô, quem fala? (ele espera um pouco para ouvir a resposta do outro lado)
Senhora Dilma, que alegria receber sua ligação, tudo bem com senhora? (Ricco faz uma cara de falsidade pois se relaciona com Dilma só por causa do dinheiro, na verdade acha ela insuportável).
Hã... hã... Não se preocupe  que o seu rendimento tem crescido a olhos vistos aqui na empresa viu!
Amanhã mesmo depositarei na sua conta o cheque de 100 mil reais.
(Ricco olha para o outro telefone e lembra que deixou Sr. Fortuna esperando).
Só minutinho, que vou conferir se está tudo o k com seus dados para fazer a transferência amanhã ok?
Pega o outro celular.
Ricco: Senhor Fortuna me desculpa a demora! O quê?
Pode deixar vou depositar seu cheque de 300 mil reais daqui a pouco viu? Boa tarde!
(Ricco faz cara de quem está cheio de falar com tanta gente chata, mas pega o telefone e dá um sorrisinho falso e conversa simpaticamente).
Alô Senhora...então desculpa fazê-la esperar. O que se está tudo ok com seus dados? Que dados? Ah os dados da transferência bancária. Eu já vi aqui está tudo certinho viu , não se preocupe!
Hã... Compreendo, tudo bem, tudo bem, depositarei também o bônus de 50 mil reais junto com o cheque de 100 mil ok?
Até hoje a noite conversaremos melhor no nosso jantar de negócios né, tudo bem não esqueci não, às 22 horas. Até, Senhora Dilma que é isso, imagina. Tenha um bom dia.
Ricco (suspira cansado)  Ufa, finalmente saiu do meu pé!

Cena II
Ricco, esposa.

(Toca celular de novo. Ele olha quem é e faz cara de descontentamento quando vê que é esposa ligando. Acha que deve ser mais alguma bobagem que ela quer falar).
Ah não. Era  só o que me faltava!
Oi que foi mulher? Fala logo que estou cheio de trabalho aqui!

Mulher entra em cena falando ao telefone.
Esposa: O Ricco, meu digníssimo esposo, você não esqueceu que hoje é aniversário do seu filho não né? Vê se não faltar de novo como você fez ano passado! Tudo bem!
Ricco: Nossa! Mas logo hoje que eu tenho um jantar de negócios? Não dá para marcar essa festa para outro dia não?
Esposa: (fala tentando controlar a ira) Desculpa meu marido, mas você não acha que tarde demais para mudar a data de nascimento do seu filho?
Ricco: (fala irritado) Oh droga, vou o que faço! Tchau!
Esposa: Ricco tem mais uma coisa...
Ricco desliga o telefone enquanto a esposa ainda estava falando.
Esposa: (percebe que foi ignorada. E irritada ora) Ricco, você está me escutando, Ricco, não acredito que ele fez isso, desligou na minha cara!  Jesus do céu, dá um jeito no meu marido, por favor!
Ricco: Agora essa! Era só o que me faltava Logo hoje que posso faturar 500 mil reais meu filho resolve fazer aniversário.

Cena III
Diabo, Narrador, Morte.

Narrador: Enquanto isso no inferno:
(Diabo entra em cena. Chama pelo telefone a secretária).
Diabo: Maldade mande a morte vir até a minha sala.

Morte entra em cena.
Morte: Pois não chefe! Me chamou?
Diabo: Chamei! Você já encerrou com a lista da semana passada?
Morte: Acabei de executar a última morte chefe. Tá aqui o relatório.
Só não matei todos porque o senhor sabe né, tem condenados aí que se livraram na última hora. Mas foram poucos viu?
Diabo: Mas que diabos! Odeio perder! Vamos intensificar as atividades essa semana. Quero matar os mendigos de frio, nas cidades onde a frente fria passará e a igreja não está fazendo caridade. De fome onde a igreja não tem enviado alimentos e de sede no Nordeste também.
No Oriente Médio já sabe, quero morte em massa.
Está aqui a lista negra da semana:
Mas dê prioridade para os do topo, esses me preocupam mais.
Temos que ser mais rápidos do que“o cara de cima”.
Aí está escritos os nomes dos que devem morrer, tem as datas e horários, e os graus de crueldade.
Morte: Hummmm...Astolfo deve morrer, sexta  com requintes de crueldade.
Isso é ótimo chefe. Como sempre o senhor é muito organizado.
Diabo: Bem disso o outro, um reino dividido não persiste, tenho que se organizado!
Mas não se esqueça, dê prioridade  aos casos mais graves viu. Tem gente orando e lançando palavras para essas pessoas e não podemos deixar que eles passem para o outro lado.
Morte: A tá! Pode deixar comigo vou dar prioridade aos possíveis escolhidos.
Diabo: Sim, esses mesmos! Não podemos deixar que “o cara lá de cima” ganhe eles antes de nós.
Morte: A tá então vou fazer uma visita ao Sr. Ricco Fortunato. Pode deixar já já trago a cabeça dele!

ATO II
Cena IV
Ricco, Morte.

Ricco em cena. A Morte bate à porta.
Ricco: (grita) Pode entrar!
Morte abre a porta entra em cena. Ricco se assusta.
Ricco: Que brincadeira essa? Por acaso hoje é o dia das bruxas eu não estou sabendo?
Morte: Desculpa, mas, por caso o senhor se chama Ricco Fortunato?
Ricco: Sim, e você quem é palhaço?
Morte: Com muito prazer eu me apresento. Eu sou a Morte, tudo bem como o senhor?
Ricco: Dá para parar de brincadeira, meu irmão, eu estou com muita coisa para fazer. (Ricco pega o telefone) Quer saber vou chamar o segurança agora mesmo!
Morte: Pode chamar senhor.
(Ricco chama o segurança pelo interfone) Dona Cláudia  mande o segurança agora mesmo vir a minha sala).

Cena V
(Ricco, Morte, Segurança)

Segurança entra em cena.
Ricco: (fala gritando com raiva Vocês são uns incompetentes, como vocês deixaram esse “estrupilho” entrar na minha sala? Tirem esse troço daqui!
(O segurança olha como se procurasse alguém, mas, não visse ninguém).
Segurança: Desculpa senhor, mas tirar quem?
Ricco: Esse ser aqui fantasiado de morte.
 (O segurança coça a cabeça como se não estivesse entendendo nada, e olha como se procurasse alguém, mas, não visse ninguém).
Segurança: Desculpa, mas, só temos nós aqui, eu e o senhor, na sala!
Ricco: Como assim você está louco? Não está vendo esse ser aqui? (E aponta para a Morte).
(Mas o segurança demonstra não ver).
Segurança: Desculpa senhor, mas, o senhor quer que chamemos um médico?
Ricco: Você não está vendo ele? (Ricco percebe que está tendo uma visão com a Morte e disfarça rindo alto de forma forçada, falsa). Desculpa você não entendeu a piada? Eu estou brincando com você rapaz.
Segurança também gargalha alto fingindo achar graça.
Ricco: Podem ir, Pode ir. (Ricco acompanha o segurança até a porta e fecha ela)
(Segurança sai de cena).

Cena VI
(Ricco, Morte)

Ricco: Olha assustado para a morte. Creio em Deus-Pai-Todo-Poderoso. Quem é você trem ruim, (Ricco faz o sinal da cruz e fala) Vai de reto! Sai em nome de Jesus!
Morte: Ok? Eu vou reto daqui a pouco, ta,  e você vai comigo meu irmão!
Ricco: O quê?
Morte: Você não é o senhor Ricco Fortunato, marido de Modesta Andrada, pai de um menino chamado Samuel que por sinal está fazendo aniversário hoje?
Ricco: Sou.
Morte: Pois bem seu nome está aqui na minha lista de pessoas que devem ir para andar de baixo hoje.
Ricco: Pelo amor de Deus, eu não posso morrer, eu sou pai de família, eu sou rico, eu não mato, não roubo.
Morte: Pode se despedir desse mundo e vamos logo que eu estou com pressa, tenho muito trabalho hoje pela frente!
O senhor tem problemas do coração, é sedentário, tem pressão alta, insônia, e não  vai ao médico desde os 12 anos certo?
Ricco: Sim, verdade.
Morte: Então pode dar adeus a esse mundo! Vamos, vamos que eu estou com pressa! Tenho muito trabalho já disse. Anda vamos embora!
Ricco: (fala se sentindo desesperado) Peraí, peraí, eu pago o que você quiser! Eu te dou tudo o que você quiser!
Morte:  (fala ironicamente) Ah é mesmo! Bom eu queria tirar umas férias sabe. Descansar e em paz! Não se você me entende? Mas, não dá porque tem muita gente no mundo para eu matar. Já que voe me dará o que quiser faça o favor de exterminar a humanidade para mim pra eu descansar um pouco! Pode ser?
Ricco: O quê? Não! Eu estou falando de dinheiro, eu te dou o dinheiro que você quiser.
Morte: (fala ironicamente) A tá! Você quer me comprar, você acha que eu sou corrupto assim?
Porque se você acha que eu sou corrupto assim você tem toda razão. Quanto você me paga?
Ricco: Quanto você quiser.
Morte: Tá bom, eu quero toda a sua fortuna para te deixar vivo!
Ricco: O quê? Assim vou ficar pobre!
Morte: É isso, ou sete palmos debaixo da terra.
Ricco: Toma! Eu passo para você!
Morte: Vamos assinar o contrato então!
Ricco: Contrato?
Morte: Claro, isso é um negócio! Ou você acha que eu vou confiar na sua palavra? Nunca ouviu o sábio conselho: “Contrato verbal não tem valor!”
(Morte tira um contrato do bolso) Vamos, logo assine aqui.  (Ricco faz rabiscos demorados) Assine aqui, e aqui, e aqui.
Morte: Então, nós estamos acertados,  eu te dou mais10 horas de vida, até o final do dia!

Aqui está a correção ortográfica e gramatical, mantendo o texto original inalterado em estilo e conteúdo, apenas com ajustes de pontuação, ortografia e concordância:


Trabalhos
MorRéu! Por Eliane Mariz

PERSONAGENS:
Ricco Fortunato, milionário.
Jesus Cristo, advogado e Salvador.
Morte, capataz do Diabo.
Diabo, Chefe dos demônios.
Esposa de Ricco Fortunato.
Segurança de Ricco Fortunato.
Narrador.

ÉPOCA: Presente.
LUGAR DA CENA: Escritório de um empresário, escritório do Diabo e um lugar feminino onde uma esposa possa falar ao celular.

ATO I
A maioria das cenas deve acontecer dentro de um escritório empresarial, com um telefone e vários celulares.
Uma das cenas deve acontecer também em um escritório, porém será o escritório do personagem Diabo. Pode ter uma decoração mais voltada para o preto.
A esposa, ao falar ao celular, pode estar numa cozinha, salão de beleza ou até mesmo se arrumando em frente ao espelho.
Ricco deve estar vestido com roupa social.
Jesus pode estar vestido com túnica tradicional ou uma roupa branca elegante com capa.
O Diabo pode estar com um capuz. A Morte deve estar com roupa com capuz preto, com uma foice do tipo do filme Pânico, mas pode estar sem a máscara para facilitar a comunicação. Porém, deve estar com maquiagem que lembre o rosto de uma caveira.


Cena I
Ricco.
Entra em cena um executivo falando ao celular:

Ricco: Pode deixar comigo, Sr. Chei di Fortuna. O quê? Ah, sim, os relatórios financeiros. Vou enviá-los hoje mesmo por e-mail, viu.
Comigo, o senhor fez um excelente negócio. Não há com que se preocupar.

Toca outro celular.
Só um minutinho, Sr. Fortuna.

Ricco atende o outro celular.

Ricco: Alô, quem fala? (Ele espera um pouco para ouvir a resposta do outro lado.)
Senhora Dilma, que alegria receber sua ligação! Tudo bem com a senhora? (Ricco faz uma cara de falsidade, pois se relaciona com Dilma só por causa do dinheiro; na verdade, acha ela insuportável.)
Hã... hã... Não se preocupe, que o seu rendimento tem crescido a olhos vistos aqui na empresa, viu!
Amanhã mesmo depositarei na sua conta o cheque de 100 mil reais.

(Ricco olha para o outro telefone e lembra que deixou o Sr. Fortuna esperando.)
Só um minutinho, que vou conferir se está tudo ok com seus dados para fazer a transferência amanhã, ok?

Pega o outro celular.

Ricco: Senhor Fortuna, me desculpe a demora! O quê?
Pode deixar, vou depositar seu cheque de 300 mil reais daqui a pouco, viu? Boa tarde!

(Ricco faz cara de quem está cheio de falar com tanta gente chata, mas pega o telefone e dá um sorrisinho falso e conversa simpaticamente.)
Alô, senhora... então, desculpa fazê-la esperar. O quê? Se está tudo ok com seus dados? Que dados? Ah, os dados da transferência bancária. Eu já vi aqui, está tudo certinho, viu? Não se preocupe!
Hã... compreendo. Tudo bem, tudo bem. Depositarei também o bônus de 50 mil reais junto com o cheque de 100 mil, ok?
Até hoje à noite conversaremos melhor no nosso jantar de negócios, né? Tudo bem, não esqueci, não. Às 22 horas. Até, Senhora Dilma. Que é isso, imagina. Tenha um bom dia.

Ricco (suspira cansado) Ufa, finalmente saiu do meu pé!


Cena II
Ricco, esposa.
(Toca o celular de novo. Ele olha quem é e faz cara de descontentamento quando vê que é a esposa ligando. Acha que deve ser mais alguma bobagem que ela quer falar.)
Ah, não. Era só o que me faltava!
Oi, que foi, mulher? Fala logo que estou cheio de trabalho aqui!

Mulher entra em cena falando ao telefone.

Esposa: Ô Ricco, meu digníssimo esposo, você não esqueceu que hoje é aniversário do seu filho, não, né? Vê se não vai faltar de novo, como fez ano passado! Tudo bem!

Ricco: Nossa! Mas logo hoje que eu tenho um jantar de negócios? Não dá para marcar essa festa para outro dia, não?

Esposa: (fala tentando controlar a ira) Desculpa, meu marido, mas você não acha que é tarde demais para mudar a data de nascimento do seu filho?

Ricco: (fala irritado) Oh, droga, vou ver o que faço! Tchau!

Esposa: Ricco, tem mais uma coisa...

Ricco desliga o telefone enquanto a esposa ainda estava falando.

Esposa: (percebe que foi ignorada e, irritada, ora) Ricco, você está me escutando? Ricco, não acredito que ele fez isso, desligou na minha cara!
Jesus do céu, dá um jeito no meu marido, por favor!

Ricco: Agora essa! Era só o que me faltava. Logo hoje que posso faturar 500 mil reais, meu filho resolve fazer aniversário.


Cena III
Diabo, Narrador, Morte.

Narrador: Enquanto isso, no inferno:
(Diabo entra em cena. Chama pelo telefone a secretária.)

Diabo: Maldade, mande a Morte vir até a minha sala.

Morte entra em cena.

Morte: Pois não, chefe! Me chamou?

Diabo: Chamei! Você já encerrou com a lista da semana passada?

Morte: Acabei de executar a última morte, chefe. Tá aqui o relatório.
Só não matei todos porque o senhor sabe, né... Tem condenados aí que se livraram na última hora. Mas foram poucos, viu?

Diabo: Mas que diabos! Odeio perder! Vamos intensificar as atividades essa semana. Quero matar os mendigos de frio, nas cidades onde a frente fria passará e a igreja não está fazendo caridade; de fome, onde a igreja não tem enviado alimentos; e de sede, no Nordeste também.
No Oriente Médio, já sabe: quero morte em massa.
Está aqui a lista negra da semana.
Mas dê prioridade para os do topo. Esses me preocupam mais.
Temos que ser mais rápidos do que "o cara de cima."
Estão escritos aí os nomes dos que devem morrer, com as datas, horários e os graus de crueldade.

Morte: Hummmm... Astolfo deve morrer sexta, com requintes de crueldade.
Isso é ótimo, chefe. Como sempre, o senhor é muito organizado.

Diabo: Bem disse o outro: um reino dividido não persiste. Tenho que ser organizado!
Mas não se esqueça: dê prioridade aos casos mais graves, viu? Tem gente orando e lançando palavras para essas pessoas, e não podemos deixar que eles passem para o outro lado.

Morte: Ah, tá! Pode deixar comigo. Vou dar prioridade aos possíveis escolhidos.

Diabo: Sim, esses mesmos! Não podemos deixar que “o cara lá de cima” ganhe eles antes de nós.

Morte: Ah, tá! Então vou fazer uma visita ao Sr. Ricco Fortunato. Pode deixar, já já trago a cabeça dele!


ATO II


Cena IV
Ricco, Morte.
Ricco em cena. A Morte bate à porta.
Ricco: (grita) Pode entrar!
A Morte abre a porta e entra em cena. Ricco se assusta.
Ricco: Que brincadeira é essa? Por acaso hoje é o Dia das Bruxas e eu não estou sabendo?
Morte: Desculpa, mas por acaso o senhor se chama Ricco Fortunato?
Ricco: Sim. E você, quem é, palhaço?
Morte: Com muito prazer, eu me apresento. Eu sou a Morte. Tudo bem com o senhor?
Ricco: Dá pra parar de brincadeira, meu irmão? Eu estou com muita coisa pra fazer. (Ricco pega o telefone) Quer saber? Vou chamar o segurança agora mesmo!
Morte: Pode chamar, senhor.
(Ricco chama o segurança pelo interfone.)
Ricco: Dona Cláudia, mande o segurança agora mesmo vir à minha sala.

Cena V
(Ricco, Morte, Segurança)
Segurança entra em cena.
Ricco: (fala gritando com raiva) Vocês são uns incompetentes! Como vocês deixaram esse “estrupício” entrar na minha sala? Tirem esse troço daqui!
(O segurança olha como se procurasse alguém, mas não visse ninguém.)
Segurança: Desculpa, senhor, mas tirar quem?
Ricco: Esse ser aqui, fantasiado de Morte.
(O segurança coça a cabeça como se não estivesse entendendo nada e olha como se procurasse alguém, mas não visse ninguém.)
Segurança: Desculpa, mas só temos nós aqui, eu e o senhor, na sala.
Ricco: Como assim? Você está louco? Não está vendo esse ser aqui? (E aponta para a Morte.)
(Mas o segurança demonstra não ver.)
Segurança: Desculpa, senhor, mas o senhor quer que chamemos um médico?
Ricco: Você não está vendo ele? (Ricco percebe que está tendo uma visão com a Morte e disfarça, rindo alto de forma forçada, falsa.) Desculpa. Você não entendeu a piada? Eu estou brincando com você, rapaz.
Segurança também gargalha alto, fingindo achar graça.
Ricco: Pode ir, pode ir. (Ricco acompanha o segurança até a porta e a fecha.)
(Segurança sai de cena.)

Cena VI
(Ricco, Morte)
Ricco: (Olha assustado para a Morte.) Creio em Deus-Pai Todo-Poderoso. Quem é você, trem ruim? (Ricco faz o sinal da cruz e fala.) Vai de reto! Sai, em nome de Jesus!
Morte: Ok. Eu vou reto daqui a pouco, tá? E você vai comigo, meu irmão!
Ricco: O quê?
Morte: Você não é o senhor Ricco Fortunato, marido de Modesta Andrada, pai de um menino chamado Samuel que, por sinal, está fazendo aniversário hoje?
Ricco: Sou.
Morte: Pois bem. Seu nome está aqui na minha lista de pessoas que devem ir para o andar de baixo hoje.
Ricco: Pelo amor de Deus! Eu não posso morrer! Eu sou pai de família, eu sou rico, eu não mato, não roubo.
Morte: Pode se despedir deste mundo. E vamos logo que eu estou com pressa! Tenho muito trabalho hoje pela frente!
O senhor tem problemas do coração, é sedentário, tem pressão alta, insônia e não vai ao médico desde os 12 anos, certo?
Ricco: Sim, verdade.
Morte: Então, pode dar adeus a este mundo! Vamos, vamos, que eu estou com pressa! Tenho muito trabalho, já disse. Anda! Vamos embora!
Ricco: (fala se sentindo desesperado) Peraí, peraí! Eu pago o que você quiser! Eu te dou tudo o que você quiser!
Morte: (fala ironicamente) Ah, é mesmo? Bom, eu queria tirar umas férias, sabe? Descansar em paz! Não sei se você me entende. Mas não dá, porque tem muita gente no mundo pra eu matar.
Já que você me dará o que quiser, faça o favor de exterminar a humanidade pra mim, pra eu descansar um pouco! Pode ser?
Ricco: O quê? Não! Eu estou falando de dinheiro. Eu te dou o dinheiro que você quiser.
Morte: (fala ironicamente) Ah tá! Você quer me comprar. Você acha que eu sou corrupto assim?
Porque se você acha que eu sou corrupto assim… você tem toda razão. Quanto você me paga?
Ricco: Quanto você quiser.
Morte: Tá bom. Eu quero toda a sua fortuna para te deixar vivo!
Ricco: O quê? Assim vou ficar pobre!
Morte: É isso ou sete palmos debaixo da terra.
Ricco: Toma! Eu passo para você!
Morte: Vamos assinar o contrato, então!
Ricco: Contrato?
Morte: Claro, isso é um negócio! Ou você acha que eu vou confiar na sua palavra? Nunca ouviu o sábio conselho: “Contrato verbal não tem valor!”
(Morte tira um contrato do bolso.) Vamos, logo, assine aqui. (Ricco faz rabiscos demorados.) Assine aqui, e aqui, e aqui.
Morte: Então, nós estamos acertados. Eu te dou mais 10 horas de vida, até o final do dia!
Ricco: O quê? Dez horas? Mas esse não era o combinado!
Morte: Como não? Eu disse que deixaria você vivo, mas não disse por quanto tempo.
Ricco: Eu te dei toda a minha fortuna!
Morte: Uai, eu disse que ia te deixar viver. Pois bem, aproveite suas 9 horas e 55 minutos que lhe restam.
Você deveria lembrar-se do conselho que diz: “Não assine nada sem ler!”.
Bom, tenho que ir. Até daqui a 9 horas e 53 minutos!
(Morte sai de cena.)






Claro! Abaixo está o seu texto corrigido ortográfica e gramaticalmente, sem modificar o conteúdo ou o estilo original. Apenas foram ajustados erros de concordância, pontuação, acentuação, grafia e coerência:


Cena VII
(Ricco, Narrador)
Nessa cena há duas opções:
1 - Um narrador pode narrar os pensamentos de Ricco, enquanto este apenas encena as emoções.
2 - Ou pode ser feito um vídeo com cenas da vida de Ricco, como se fossem seus pensamentos, para serem exibidas em data show com um fundo musical triste.

Narrador: Desesperado, Ricco fez o que há muitos anos não fazia. Parou a sua correria habitual para pensar na vida que estava vivendo até ali.
Lembrou-se de cenas belas, de quando conheceu sua esposa, de quando foi pai.
Lembrou também de seu sucesso como empresário, das brigas que tivera com sua família, das traições conjugais, das orgias e vícios que alimentava com sua fortuna.
Lembrou ainda de uma cena que mudou sua vida e foi como uma luz no fim do túnel.
Lembrou-se de que, algumas vezes, surpreendeu sua mulher de joelhos aos pés da cama, orando a Deus por ele. Lembrou que, certa vez, ela o presenteou com uma Bíblia, e que vivia convidando-o para ir à igreja, dizendo que Jesus era capaz de salvar o homem e que Ele era o bem mais precioso que se poderia ter.
Ricco nunca havia dado atenção à fé de sua mulher. Achava uma chatice essa história de ser crente. Dar dízimo, para ele, era o mesmo que enriquecer o pastor — e isso ele não estava disposto a fazer de jeito nenhum!
Lembrou que seu filho Samuel sempre dizia:
“Pai, nunca se esqueça que Jesus te ama! E eu também.”
Arrependido, Ricco resolveu fazer uma oração a Jesus Cristo, pois sabia que só Ele poderia mudar sua história.

Ricco:
Jesus, me ouça, por favor, onde quer que o Senhor esteja. Eu não sei orar direito, mas, por favor, me ajude! Eu sei que fui um tolo e que desperdicei a minha vida preocupado com o que não tinha valor. Sei que não dei valor à minha família, mas estou tão arrependido... Se eu pudesse voltar no tempo, faria tudo diferente.


Cena VIII
(Ricco, Jesus)

(Jesus bate à porta e Ricco se assusta.)

Ricco:
Meu Deus, será que é a Morte? Me ajuda, eu não quero morrer!

(Ricco se levanta e abre a porta aos pouquinhos, com medo)
Quem é?

Jesus:
Eu sou Jesus Cristo!

Ricco: (faz uma cara de surpresa)
Jesus! (abre a porta e Jesus entra em cena.)

Jesus:
Olá, ouvi sua oração. Posso entrar?

Ricco:
Pode, claro que pode, fique à vontade. Pode sentar aqui, ó! (Ricco oferece sua cadeira para Jesus, e este se assenta)
Quer um café? Um suco? Uma água?

Jesus:
Não, obrigado!
Fiquei sabendo que você está precisando de ajuda?

Ricco: (fala aflito)
É verdade, Jesus! A Morte veio aqui hoje e disse que, daqui a algumas horas, vai me levar. (Ricco se ajoelha e junta as mãos, implorando a Jesus) Pelo amor de Deus, me ajude, me salve.

Jesus:
Seu caso é complicado! Você assinou um contrato, não é? Vai precisar de um bom advogado.

Ricco:
Mas eu me arrependo, Senhor, de todo o meu coração.

Jesus:
Você está disposto a mudar de conduta mesmo?

Ricco:
Estou sim, eu prometo mudar. O Senhor sabe quando alguém está dizendo a verdade, não é? Olha o meu coração.

Jesus:
Assim seja. Não se preocupe, apenas confie em mim!

Ricco: (pergunta, preocupado por não conseguir ver solução para seu caso)
Mas o que o Senhor vai fazer?

Jesus:
Confie, apenas confie em mim! E me dá aqui um abraço, rapaz. A partir de hoje, nós seremos amigos. (ambos se abraçam, dando tapas nas costas um do outro)
Quanto tempo eu esperei que você me recebesse em sua vida, homem! Sua esposa me pediu tanto pela sua alma...
Do que vale o homem ganhar o mundo todo e perder a sua alma, não é mesmo?

Ricco:
Eu sei, Senhor. Agora eu sei!

Jesus:
Todos os dias eu posso vir aqui para nós conversarmos?

Ricco:
Claro que sim, Senhor. Tenho muito a aprender com o Senhor.

(A Morte bate à porta)

Ricco:
Quem será agora?

Jesus:
Agora é a Morte!

Ricco: (Ricco faz cara de medo)
E agora?

Jesus:
Confie e se lembre de que, para mim, não há impossíveis!
(Jesus abre a porta.)
Pois não?


Cena IX
(Ricco, Jesus, Morte)

(Morte entra distraída, sem olhar para quem abriu a porta.)

Morte:
Bom, senhor Ricco, já cheguei! Vamos “batendo as botas” que eu estou com pressa hoje.

(Morte então olha para Jesus, grita assustado e fala gritando)
Oh, não! Você de novo! O que está fazendo aqui?

Jesus:
Eu sou Jesus Cristo, como você já sabe! E sou o advogado de Ricco Fortunato.

Ricco: (faz cara de quem não sabia)
O Senhor é meu advogado?

(Jesus acena com a cabeça, dizendo que sim.)

Ricco:
Ah, é mesmo! Ele é meu advogado, viu, Morte!

Jesus:
O que você alega contra ele?

Morte:
Bom, já que o Senhor respeita leis, deve respeitar contratos, não é mesmo? A lei do livre-arbítrio, né?
Eu tenho aqui um contrato que o senhor Ricco Fortunato assinou, me dando toda a sua fortuna por mais 10 horas de vida! Se quiser, pode conferir a assinatura. Ele, com seu livre-arbítrio, me entregou a sua vida e fortuna.
Bom, já se passaram 10 horas e eu estou aqui para quitarmos a dívida.

Jesus: (pega o contrato e dá uma olhada)
Realmente, Ricco Fortunato assinou esse contrato. É justo que esse Ricco Fortunato que assinou o contrato pague a dívida, não é mesmo?

Ricco: (assustado, fala)
Oh Jesus, o Senhor é meu amigo ou amigo da onça?

Jesus:
Homem de pouca fé, por que duvidas?

Jesus (continua):
Morte, eu tenho que dizer: vá atrás da pessoa que assinou esse contrato, mate-a e pegue toda a sua fortuna!

Ricco: (se ajoelha, implorando com as mãos juntas, enquanto a Morte dá uma risada sarcástica)
Jesus, pelo amor de Deus, me perdoe. Eu imploro, pelo amor de Deus!

Morte:
Bem, bem... Senhor Ricco, é hora de partir.

(Morte pega sua foice para arrancar a cabeça de Ricco, quando Jesus grita)

Jesus:
Mas espere! O que é isso? Eu disse para você ir atrás da pessoa que assinou o contrato, não é mesmo?

Morte:
Uai, uai... e por acaso o cidadão que assinou o contrato não é esse aqui que está se borrando de medo de mim?

Jesus:
Claro que não!

Ricco: (fala surpreso)
Não? Como assim? Eu não assinei esse contrato?
Gente, será que eu estou louco? Não estou entendendo mais nada!

Jesus:
Quem assinou esse contrato foi Ricco Fortunato antes da conversão. Mas, horas depois que você o deixou, Ricco Fortunato entregou sua vida a mim.
E a minha Palavra diz que, se alguém está comigo, essa pessoa se torna uma nova criatura.
Logo, este homem não é o mesmo homem que assinou aquele contrato. Pois este homem é uma nova criatura — só que tem o mesmo nome do outro.

Morte: (coça a cabeça e faz cara de quem está tentando entender)
Peraí... quer dizer que esse (aponta para Ricco) não é aquele? E aquele não é esse (aponta de novo)?

Droga! É sempre assim... sempre que o Senhor aparece, eu perco a batalha!

Jesus:
Portanto, não há nada que você tenha que fazer aqui. Retire-se.

(Ricco se levanta eufórico e incha o peito como um vencedor)

Jesus:
E retire-se.

Morte: (sai gritando)
Eu vou reclamar com meu chefe! Assim não dá!

Ricco:
Jesus, me perdoe por ter duvidado. Agora eu entendi que tenho que confiar no Senhor, mesmo quando não entendo o que o Senhor está fazendo na minha vida.
Mesmo que tudo pareça perdido, porque não há impossíveis para o Senhor.
E o Senhor Jesus tem solução para tudo, mesmo que eu nem imagine qual.

(Ricco e Jesus riem felizes e se abraçam.)


ATO III
Cena X
(Ricco, Jesus)

Jesus:
Você não está devendo uma visita ao seu filho hoje?

Ricco:
Pois é mesmo! Hoje é aniversário do Samuca, meu filhão.

Jesus:
Não se esqueça de levar um presente para ele.

Ricco:
É mesmo! Nossa, nem comprei nada... mas não precisa. Já sei o que vou levar.
Vou levar o meu bem mais precioso para ele. Tenho certeza de que ele vai amar o presente que vou dar.

Jesus:
É? E que presente será esse?

Ricco:
Vou levá-lo para que meu filho e minha família o conheçam melhor. Esse é o maior presente que posso dar a eles.

Jesus:
Éééé, amigo! Então vamos, porque eu não gosto de atraso. Sou pontual.

(Ambos saem de cena rindo, com a mão um no ombro do outro. Como bons amigos.)

FIM.


Autora: Eliane Mariz | Gênero: Roteiro | Editado: 24/07/13 | Atualizado e corrigido: 11/05/25



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